Posts Marcados: Sheila Boesel

Para sibilar em voz alta

Sensível sílaba sibila sim Síncope simples Sincera sátira Cego céu cético Sino símbolo símile Símio césio sísmico Célebre cedro célere Cepo cêntimo cérebro Certeiro ser Incerto centro Sem sexo Seca seio Ceia seiva cênica Cem células célticas Cegas sem sépala

Para sibilar em voz alta

Sensível sílaba sibila sim Síncope simples Sincera sátira Cego céu cético Sino símbolo símile Símio césio sísmico Célebre cedro célere Cepo cêntimo cérebro Certeiro ser Incerto centro Sem sexo Seca seio Ceia seiva cênica Cem células célticas Cegas sem sépala

Lápis por Elisa Xyz: modifiquei a orientação da foto (Sheila Boesel)

Poeminha ParaTi

Amado namorado traçado a lápis És minha faca e minha metáfora Teu olhar? Meu sal Teu tato? Minha dádiva Teu compasso? Minha viagem Fauno do casco de prata Ao teu lado sou cigarra Teu salto? Meu rastro Teus lábios? Minha

Lápis por Elisa Xyz: modifiquei a orientação da foto (Sheila Boesel)

Poeminha ParaTi

Amado namorado traçado a lápis És minha faca e minha metáfora Teu olhar? Meu sal Teu tato? Minha dádiva Teu compasso? Minha viagem Fauno do casco de prata Ao teu lado sou cigarra Teu salto? Meu rastro Teus lábios? Minha

Ventilador de teto 1 por Joseph Bishop

Manhã de sol

Pálido turno antecedeu Momento taciturno Adeus Tempo violento Idêntico ao teto desse hotel Habitado no intervalo fútil entre “dê” e “eñd” Puta recalcada desejo Teu dente amarelado Teu peito besuntado Tua testa azeda Teu pé azulado Tuas carótidas torturadas Teu

Ventilador de teto 1 por Joseph Bishop

Manhã de sol

Pálido turno antecedeu Momento taciturno Adeus Tempo violento Idêntico ao teto desse hotel Habitado no intervalo fútil entre “dê” e “eñd” Puta recalcada desejo Teu dente amarelado Teu peito besuntado Tua testa azeda Teu pé azulado Tuas carótidas torturadas Teu

Óculos

Míope, beirava buracos. Vestida, cantava alto. Míope, desconhecia sinais. Vestida, comia quente. Míope, só escrevia cartazes. Vestida, amava pássaros. No Carnaval descobriu: Melhor andar nua. Quatro dias dançando pro cachorro E a boca dele cercava outras.

Óculos

Míope, beirava buracos. Vestida, cantava alto. Míope, desconhecia sinais. Vestida, comia quente. Míope, só escrevia cartazes. Vestida, amava pássaros. No Carnaval descobriu: Melhor andar nua. Quatro dias dançando pro cachorro E a boca dele cercava outras.

Alfândega do Porto - Sheila Boesel - Outubro 2013

Te extraño mucho

Agora a cadeira está vazia. A quem importam Os balões coloridos, Os jovens se beijando, As palavras no papel? A cadeira está vazia. Quem vai vangloriar As mulheres grávidas, Os homens tocando tambor, As crianças rindo no mar? Cadeira vazia.

Alfândega do Porto - Sheila Boesel - Outubro 2013

Te extraño mucho

Agora a cadeira está vazia. A quem importam Os balões coloridos, Os jovens se beijando, As palavras no papel? A cadeira está vazia. Quem vai vangloriar As mulheres grávidas, Os homens tocando tambor, As crianças rindo no mar? Cadeira vazia.

Bruxa II por Sheila Boesel

A idade certa (II)*

2013 – Cadê a Rita? – Assim, vó, encosta bem o corpo na almofada. – Eu quero a minha boneca… – Que boneca, vó? – A minha boneca Rita. – Nunca vi essa boneca, vó. – Minha única boneca. Me

Bruxa II por Sheila Boesel

A idade certa (II)*

2013 – Cadê a Rita? – Assim, vó, encosta bem o corpo na almofada. – Eu quero a minha boneca… – Que boneca, vó? – A minha boneca Rita. – Nunca vi essa boneca, vó. – Minha única boneca. Me

Recorte da imagem "Estátua da fonte" de Vera Kratochvil

Sede

  Marta não parava de pensar.   Revisava mentalmente os setecentos e quarenta e três dias de convivência e se perguntava: ele teria sentido fome? Ou ficado muito tempo de fralda suja? Ou seriam as duas vezes em que chorara

Recorte da imagem "Estátua da fonte" de Vera Kratochvil

Sede

  Marta não parava de pensar.   Revisava mentalmente os setecentos e quarenta e três dias de convivência e se perguntava: ele teria sentido fome? Ou ficado muito tempo de fralda suja? Ou seriam as duas vezes em que chorara

Bruxa por Sheila Boesel

A idade certa *

1931 – Vamos voltar, esqueci a Rita. – Que Rita? – Minha boneca. – A tia Olívia te dá outra. – Quem é a tia Olívia? – É a mulher do tio Fortunato. – Onde nós vamos? – Pra casa

Bruxa por Sheila Boesel

A idade certa *

1931 – Vamos voltar, esqueci a Rita. – Que Rita? – Minha boneca. – A tia Olívia te dá outra. – Quem é a tia Olívia? – É a mulher do tio Fortunato. – Onde nós vamos? – Pra casa

Curso livre

O professor de escrita criativa sabatinou: ninguém faz boa literatura sem sofrer. Escolhi lençóis floridos para você não gostar de vir para cama e parei de esfregar teus pés – usava meus cremes escondida para você não pedir massagem. Investi

Curso livre

O professor de escrita criativa sabatinou: ninguém faz boa literatura sem sofrer. Escolhi lençóis floridos para você não gostar de vir para cama e parei de esfregar teus pés – usava meus cremes escondida para você não pedir massagem. Investi

Domingo:

Eu manhã, Ele almoço. Cama, Rua, Quintal, Televisão, Findamos.

Domingo:

Eu manhã, Ele almoço. Cama, Rua, Quintal, Televisão, Findamos.

Fotografia de Carlos Nyland

Em um caderno de capa de coador de café,

copiei mais de mil poemas: Recurso para toda situação. O primeiro faria um sorriso te encher a cara, Mas o ducentésimo terceiro te deixaria triste, muito triste, mais que triste. Havia versos que eram convites: Setenta e dois para sexo

Fotografia de Carlos Nyland

Em um caderno de capa de coador de café,

copiei mais de mil poemas: Recurso para toda situação. O primeiro faria um sorriso te encher a cara, Mas o ducentésimo terceiro te deixaria triste, muito triste, mais que triste. Havia versos que eram convites: Setenta e dois para sexo

Igreja à noite por George Hodan

Comida quente

Não sei o que me espantava mais: o travesti mostrando os seios ou a existência dum inferninho naquela cidadezinha. Era engraçado até: se olhasse pela janela do lugar, veria a torre da Matriz. Porque não fui pro hotel ao invés

Igreja à noite por George Hodan

Comida quente

Não sei o que me espantava mais: o travesti mostrando os seios ou a existência dum inferninho naquela cidadezinha. Era engraçado até: se olhasse pela janela do lugar, veria a torre da Matriz. Porque não fui pro hotel ao invés

Corpo

Depois, pintaram o lugar de amarelo-sol. Primeiro, no tempo do gris-poluição, o topo era do homem do saco. Eu, que detestava o barro de suor e poeira envolvendo meu pé calçado numa melissinha, não entendia como ele vivia naquele traje

Corpo

Depois, pintaram o lugar de amarelo-sol. Primeiro, no tempo do gris-poluição, o topo era do homem do saco. Eu, que detestava o barro de suor e poeira envolvendo meu pé calçado numa melissinha, não entendia como ele vivia naquele traje

Boy And Girl Shadowbox by Peter Griffin

Cutucando a onça

Tá, eu sabia que Bibi me amava. Só que era jovem demais para compreender aquele tipo de lealdade. A história até era piada na família: ah Zico, não vá viajar não, a Bibi fica insuportável. Ela persistia, eu fingia não

Boy And Girl Shadowbox by Peter Griffin

Cutucando a onça

Tá, eu sabia que Bibi me amava. Só que era jovem demais para compreender aquele tipo de lealdade. A história até era piada na família: ah Zico, não vá viajar não, a Bibi fica insuportável. Ela persistia, eu fingia não

Balões por Peter Griffin

– Me sinto de fora,

não bebo café, não sei fumar, não gosto de vinho, muito menos de cerveja, nem da artesanal, mesmo sendo chique hoje em dia. Mas a verdade mesmo, o que me incomoda, fora encher bexigas e frequentar festas de crianças por

Balões por Peter Griffin

– Me sinto de fora,

não bebo café, não sei fumar, não gosto de vinho, muito menos de cerveja, nem da artesanal, mesmo sendo chique hoje em dia. Mas a verdade mesmo, o que me incomoda, fora encher bexigas e frequentar festas de crianças por

Relógio Astronômico de Praga (Detalhe) - Por Vera Kratochvil

Janete Marina Juliana

Uma e doze da madrugada. Janete acorda sacudida pela dor. As pontadas sucessivas impedem seu raciocínio. Tá na hora! Ninguém para acompanhar. Cinco da matina, a menina começa a chorar. De novo? Já vai, tô indo com teu mamá. Dez

Relógio Astronômico de Praga (Detalhe) - Por Vera Kratochvil

Janete Marina Juliana

Uma e doze da madrugada. Janete acorda sacudida pela dor. As pontadas sucessivas impedem seu raciocínio. Tá na hora! Ninguém para acompanhar. Cinco da matina, a menina começa a chorar. De novo? Já vai, tô indo com teu mamá. Dez