Meu primeiro namorado foi o Marcelo. Sempre gostei de homens altos. Ele morava na esquina perto de casa. Seus cabelos eram loiros e encaracolados. Um lindo anjo de olhos verdes. Eu, com os meus oito anos, e ele dezoito. Nos encontrávamos todos os dias. Íamos ao cinema, clube, danceteria. Nos beijávamos. Hmmm… e como eu o beijava! Ao seu lado fui a lugares paradisíacos. Conheci novos planetas. Voamos de mãos dadas. Assim como o Super-homem e a Louis Lane passeiam pelos céus.
Todas as meninas de nossa turma tinham seus namorados platônicos. Enquanto brincava de boneca ou fazia a lição, cada uma contava sua aventura amorosa. Histórias de contos de fadas mescladas com cenas de novela e filmes.
A Meire namorava meu irmão, de quinze anos. Eunice toda semana mudava de menino. A Adriana era casada com um garoto do ginásio. Tinham até filho: o boneco sem perna que fazia pipi. Já a Sônia usava uns nomes estranhos. Ela não dizia que o rapaz da cantina era seu namorado ou marido, chamava de “amante”. Por conta desta palavra acabei levando uma bronca da professora. Estava na sala de aula quando, não lembro agora o motivo, disse que o tal garoto era amante de Sônia. Não entendi por que a professora ficou tão brava. “Daiane, peça desculpas à sua colega. E nunca mais repita esse nome!”. Pra ser sincera, até hoje, aos trinta anos, não sei a diferença entre amante, namorado ou marido.
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Vem aí o 1º Sarau do Coletivo Claraboia. Participe!
20 de outubro de 2012 – 16h – Espaço Cultural Mo Li Hua | Rua Coriolano, 529 – Lapa
Mostre seu talento em poesia, prosa, música, artes cênicas.
Inscreva-se pelo e-mail contato@coletivoclaraboia.com.br até o dia 19/10.
Também não sei … ou melhor sei que é um bom texto!!!
Valeu
Valeu, Plínio!
Isso me fez lembrar das amigas de infância e pré-adolescência. Igualzinho! Muitos sonhos na cabeça, muitas memórias criadas por esses sonhos,muitas verdades estabelecidas a partir daí. Grande texto Gláuber!
Obrigado, Roseli!
E essa professora tinha que colocar dúvida na cabeça da menina? Ainda bem que ela cresceu e não descobriu a diferença. Triste esse mundo dos adultos que sabem demais.
Obrigado pela leitura e o comentário, Laís!
Palavras personagens! Muito boa história.
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