Lógunède – Outras vozes

Lógunède

Foto de Mário Escobar

No fundo tem o silêncio.

A calmaria das águas ajuda a não pensar.

Ficar longe.

Muito arêrê.

Muita gritaria.

Muitas brigas e nenhuma por ele.

Ilá!!

Dentro o banzé ficou longe..

O fundo do rio está perto do silêncio.

Caça melhor que muitos.

Porém quem conquista o melhor ekó? Oxóssi!

É dá água mais que todos.

Mas os ejás saúdam somente Oxun.

Nunca erra um alvo. Mas vacila perto do seu pai.

Entende dos rios e dos bichos d’águas, mas é um nada perto de sua mãe.

Conhece sobre os caminhos, porém bem menos que ele

Adivinha todas as trilhas da alma, mas ela é mais precisa.

Chega primeiro e seu pai sempre já lá esteve.

É belo, ativo, porém sua mãe é a odara.

Nem para ele olham.

Pai?

Mãe?

O fundo a paz inunda.

Do fundo veio a pureza. Limpa e fluida.

Tempo sumido.

Sentem sua falta.

Mãe se desespera. Oxossi berra um grito que até chega em Efegô.

Pai implora. Oxun está desesperada com nunca antes esteve.

Filho?!

Filho!?

Clamam pelo maior.

Olurum atende pois tinha outras obrigações para o menino

Ergue Logunedé.

Que agora pode ser fazer pequeno.

Grande

Menina.

Menino.

Gente.

Filho.

Pai caçador e mãe d’água agradecem.

Oxun e Oxóssi comemoram

Ri de ser querido.

Veio a alegria quando Olurum sussurrou em seu ouvido que é a melhor parte dos dois.

Sobre Plínio Camillo

Nasci em 26 de novembro de 1960. Aos três anos descobri que as letras tinham significados. Aos cinco, a interrogação. Aos nove, não era sintético. Aos 12, quis ser espacial. Aos 15, conquistei a exclamação. Aos 17 vi os morfemas. Aos 20 estava no palco. Aos 22 me vi como um advérbio. Aos 25 desenredei a Lingüística. Aos 27 redescobri as reticências. Aos 30, a juventude. Aos 35 recebi o maior presente: Beatriz Camillo, aquela que me trouxe a felicidade. Aos 40 desvendei uma ligeira maturidade. Aos 41 voltei para Sampa!!!. Aos 45, recebi o prazer de viver em companhia. Aos 50 anos, uso óculos até para atender telefone. Hoje: escrevo.

Um Comentário

  1. sandrareginasantos

    Adorei.

  2. Lapidado com perfeição, na forma e na emoção.

  3. Plínio, você é um excelente escritor!

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